quinta-feira, 31 de março de 2011

A história do café no Brasil


O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século XX até a década de 1930. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Foi introduzida por Francisco de Melo Palheta ainda no século XVIII, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa.

O café estendeu-se derrubando a mata, abrindo estradas, fixando povoações e criando riquezas, explorando o solo virgem e rico em nutrientes. O ouro e da cana saíram de cena e cederam o palco para o "ouro verde" - Apelido dado ao café pelos fazendeiros.
Com a expansão do café, o país obteve algumas consequências importantes:
  •  A áreas cobertas de matas foram substituídas por uma nova paisagem;
  •  Surgimento a uma nova aristocracia rural chamados "Barões do Café";
  •  Existência de cidades pioneiras;
  •  Introdução do imigrante italiano em São Paulo;
  •  Multiplicação das vias férreas.
No final do século XIX, o café respondia por 70% do valor das exportações brasileiras, enquanto a Colômbia correspondia 2% da produção mundial. Atualmente, o Brasil produz em média 32 milhões de sacas, sendo 35 milhões nos anos de alta e 27 nos anos de baixa. Considerando que a nossa participação na produção mundial é de aproxidamente 30%.


sexta-feira, 25 de março de 2011

"Meu filho, dorme, dorme o sono eterno
No berço esplêndido que se chama - o céu
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente como o seio meu.

Ai! borboleta na gentil crisálida,
Asas de ouro vai além abrir
Ai! rosa branca no matiz tão pálida
Longe, tão longe vai além florir.

(...)

Não me maldigas...Num amor sem termo
Bebi a força de matar-te...a mim ...
Viva eu cativa a soluçar num ermo...
Filho, se livre... sou feliz assim...

(...)

Perdão meu filho...se matar-te é crime...
Deus me perdoa... me perdoa já.
A fera enchente quebraria o vime...
Valem-te os anjos e te cuidem lá.

(...)"


Abandono e Infanticídio no Brasil XVIII

    As conseqüências realmente graves da maternidade irregular eram de ordem sócio-econômica e não moral. A pobreza e dificuldades da vida material uniam de mulheres brancas pobres a escravas, confirmando a necessidade feminina de estabilidade e proteção. Para muitas mães solteiras, sem família nem companheiro, o filho passava a significar 'mais uma boca para alimentar'. Tal cenário de extrema pobreza e luta pela vida é um dos motivos que obrigava muitas mães a destinar seus filhos ao abandono ou ao infanticídio, esses dois em maior número que o aborto.
Os diferentes ritmos de crescimento do mundo colonial repercutiam fortemente na condição de vida das crianças. Enquanto no campo, onde as transformações eram lentas, o abandono raramente ocorria e os enjeitados acabavam sendo adotados como 'filhos de criação'; na cidade, espaço de aceleradas transformações e desequilíbrios, não havia lugar para acolher os pobres e dar assistência ao enorme número de crianças enjeitadas.
 



"No século XVIII, houve um crescimento da população livre e pobre e junto com ele o abandono de crianças, ao desamparo pelas ruas e lugares imundos, segundo os Anais do Rio de Janeiro de 1840." (DEL PRIORE, 1989. P. 48) Nas cidades, coube às câmaras e às Santas Casas o trabalho de acolhimento e criação de enjeitados. Nas Santas Casas instalava-se a Roda dos Expostos, onde os bebês eram deixados.
Cabe-nos agora explorar mais de perto o comportamento feminino em relação ao abandono dos filhos, fazendo algumas perguntas; quais motivos levariam mães a abandonarem seus filhos? De que forma é possível conhecer um pouco de sensibilidade materna nos séculos passados através da história do abandono de crianças? Qual é o significado do abandono e o que está por trás dessa atitude?

Uma interpretação bastante comum consiste em atribuir o abandono a motivos morais. Entre a população branca, o comportamento feminino dentro dos padrões morais estabelecidos era permanentemente fiscalizado pela Igreja e pela comunidade. Assim, "um filho ilegítimo(de mulheres negras e mestiças) não desonrava a mãe no mesmo grau de uma mulher branca."( DEL PRIORE, 1989. P. 198.) dessa forma, a Roda dos Expostos procurava evitar os crimes morais, protegendo as mulheres brancas e solteiras dos escândalos, ao mesmo tempo que oferecia alternativa à crueldade do infanticídio.
Portanto, é de se supor que muitos enjeitados no Brasil colonial fossem resultado das relações ilícitas de mulheres de condição social elevada, para as quais era fundamental a manutenção da honra. No entanto, é necessário lembrar que a mãe solteira ou concumbina acabou sendo aceita nas cidades e vilas do século XVIII. Assim sendo, "o modelo patriarcal que contrapõe o recato da mulher branca à promiscuidade das escravas é uma grosseira simplificação da realidade".( DEL PRIORE, 1989. P. 199)
Uma Segunda interpretação à prática do abandono, talvez a de maior ocorrência de todas, consiste no abandono como resultado da miséria e indigência das mães.
A escravidão e a miséria deixaram como herança séculos de instabilidade doméstica, o que levou as mães das camadas populares a improvisarem até mesmo as formas de amor e de criação dos filhos: uma prática comum entre as mães pobres consistia na distribuição de seus filhos entre parentes, amigas ou comadres para os criarem

Mulher e o Homem na Sociedade Brasileira do Séc. XVIII


A mulher: vivia confinada, privada de liberdade, num contínuo isolamento, sempre fechada em casa e mesmo entre a nobreza vigorava a norma da província, de que a mulher só três vezes saía de casa, para ser batizada, para se casar, para ser enterrada. As mulheres costumavam sentar-se em esteiras, de pernas cruzadas à maneira oriental, junto às janelas rodeadas de escravas para servi-las. O ócio e a falta de exercícios rapidamente deformavam o corpo das adolescentes que, aos 13 anos assumiam o papel de matronas e, aos 18, já atingiam a plena maturidade física. A beleza feminina da época ia da moça do tipo quebradiço, quase doentio, à mulher gorda, mole, caseira, maternal, de coxas e nádegas largas, com pezinhos deformados por sapatos apertados demais, feitos de seda nas cores branca, azul, celeste, rosa, que duram 2 dias, pois as calçadas são péssimas. A cintura de vespa era apertada pelo espartilho. Os cabelos eram longos e com todos os formatos arquitetônicos possíveis e com nomes pitorescos: tapa missa e trepa moleque. Usavam xales de seda, lã, pelo de camelo, renda, tricô, musselina bordada de ouro ou prata.




O homem: quase sempre de barba e/ou bigode, se vestiam como ingleses e tinham como característica o fardamento das diversas ordens, com guarda roupa composto de calças, calções, camisas, casacos, sobrecasacas, chambre de seda, lenços e gravatas, meias de seda, chapéus, jaquetas e xales de lã, tudo sempre muito colorido.

Irmandades Religiosas - FÉ E SOCIABILIDADE NA MINAS GERAIS DO SÉCULO XVIII



Quando nos deparamos a pensar na religiosidade presente nas Minas Gerais do século XVIII, logo imaginamos à grande quantidade de belas e suntuosas Igrejas existentes na região. Talvez pudéssemos interpretar como responsável incontestável deste cenário, a influência do catolicismo. Porém, é importante entendermos que naquela época, tanto o Estado como a Igreja Católica exerceram papéis secundários (entendamos aqui no sentido institucional) com relação às práticas religiosas. Leigos e instituições sem envolvimento com o catolicismo fundaram e desenvolveram uma “religiosidade peculiar”, as irmandades. Um espaço que aceitava todos: homens, mulheres, negros e brancos.
A própria Coroa Portuguesa mostrou-se despreocupada com a religiosidade na região mineira, diferentemente de outras terras colonizadas. Na capitania do ouro não se construíram mosteiros e conventos durante todo o século XVIII.
Em outras localidades, a Igreja Católica funcionava como uma referência, um guia a serviço de seus fiéis. Por outro lado, em Minas Gerais – como mencionamos – não havia este vínculo entre a instituição e seus devotos. O papel de referência era desempenhado por diversos santos protetores, que eram escolhidos à vontade pelos irmãos. Desta forma, a carência religiosa e o relacionamento com o sobrenatural eram realizados por meio de diferentes oragos como: Rosário, Conceição, Carmo, Mercês, Francisco, Gonçalo, José, Benedito, etc.

As irmandades se forjaram em meio à insegurança e instabilidade contidas no cenário mineratório. A sociabilidade se transformou em associações leigas que consagravam as imagens padroeiras.
Esse fenômeno revela uma fundamental presença social inserida nas práticas religiosas daquela região. No comércio local, já havia tempo para se falar do divino, enquanto que em espaços dedicados a prática religiosa achava-se oportunidades para sociabilidade. Em 1711, quando se desenvolveram as primeiras vilas mineiras, o número de agremiações já superava dez unidades. Sem dúvida, estudar este fenômeno é essencial para entender e compreender a cultura a história locais.
As irmandades não encontraram barreiras por parte das autoridades e por esta razão, seguiram seu processo de expansão. Ao final do período colonial do século XVIII o número de irmandades ultrapassava três dezenas.

As irmandades brasileiras tiveram um papel social de relevo ao prestar assistência às populações, mas o seu contributo para o enriquecimento do espaço urbano, não pode ser negligenciado. A construção de capelas e igrejas ajudou a demarcar o espaço urbano, a criar espaços para a comunidade e introduziu as correntes artísticas da época, como o Barroco, tanto na arquitetura como na escultura e pintura.